Paul Winkler nasceu em Budapeste, Hungria, em 1898. Após um percurso acadêmico que incluiu a Holanda acabou por se estabelecer em Paris, França, em meados dos anos 1920. Fundou a Opera Mundi, uma agência de comunicação que distribuía histórias de quadrinhos a jornais e se tornou a representante da King Features Syndicate, que era quem detinha a licença de publicação das histórias do Mickey.

Foi assim que no ano de 1930 conseguiu que o jornal “Le Petit Parisien” passasse a incluir uma tira diária do Mickey. Boa parte dessas tiras eram de Floyd Gottfredson.

Nota: “Le Petit Parisien” foi um dos principais jornais franceses da Terceira República (1870 a 1940). Existiu de 1876 a 1944. Em vésperas da Primeira Guerra Mundial chegou a ser um dos quatro principais diários de França.

Em 1931, face ao sucesso que Mickey estava a obter, a Opera Mundi elaborou, em parceria com a Librairie Hachette, uma série de álbuns Mickey que começou com a publicação do título Les Aventures de Mickey”. Esta série começou por agrupar e reeditar as tiras entretanto publicadas e, até 1954, foi constituída por 31 volumes. 23 deles foram reeditados entre 1947 e 1951.

Nota: a editora Hachette esteve desde o início dos anos 1930 até à atualidade ligada à edição da maioria das obras e revistas Disney publicadas em França.

O êxito obtido levou Winkler a conceber um jornal consagrado em exclusivo às publicações Disney.

Opera Mundi e Hachette lançaram em 1934 uma publicação de quadrinhos: “Le Journal de Mickey”, o primeiro semanário do Mickey em língua francesa.

Paul Winkler concedeu a R. Calame, em 1979 e para o “Le Journal de Mickey” número 1389, uma verdadeiramente deliciosa entrevista. Nela Paul Winkler conta como chegou até Walt Disney. Em 1933 Winkler pretendia obter autorização para criar uma revista dedicada a Mickey, o que solicitou por carta. Walt Disney concordou. Após a saída do primeiro número Winkler entendeu que seria interessante ir mostrar o resultado a Walt Disney. Tomou um navio para Nova Iorque e depois um avião para Hollywood, no qual demorou 16 horas a atravessar o território americano.

Quando mostrou o jornal a Disney já conhecia os números das vendas: impressionantes 400.000 exemplares.

Winkler explica que nunca pensou tornar-se editor, mas sim convencer um editor a dar vida às suas ideias. Construiu uma maquete do que imaginava, mas não conseguiu persuadir ninguém. Até que um dos directores da Hachette, depois de examinar o projecto, concordou em participar desde que Winkler assegurasse a direção.

É o próprio Winkler que afirma que, quarenta e quatro anos depois de se ter lançado na aventura de “Le Journal de Mickey”, o segredo do sucesso esteve na concretização da fórmula que inventou: “Um jornal para todos os jovens dos 6 aos 66 anos”.

Paul Winkler morreu em França em 23 de setembro de 1982.

 

O número 1 de “Le Journal de Mickey” foi publicado com a data de 21 de outubro de 1934 (um domingo) mas foi colocado à venda no dia 18 de outubro (quinta-feira). À época, em França, não havia escola à quinta-feira

Nota: até 1972 a quinta-feira era o dia de descanso nas escolas. Só com o progressivo abandono do trabalho na tarde de sábado é que passou para a quarta-feira.

Custava 30 cêntimos (de franco antigo, moeda em vigor na altura) e era constituído por 8 páginas, 5 das quais com quadrinhos, de formato 285x420mm. Metade era em cores e a outra em preto. 9 histórias de quadrinhos, entre as quais uma do Mickey, e outras rubricas, jogos, piadas, etc.

Já tinham sido publicados dois números destinados a testar quer o público quer o jornal. Em 1 de junho de 1934 (número 01) e em 14 de outubro de 1934 (número 02).

A principal diferença relativamente a outras revistas da época foi o uso dos balões de texto em vez da usual legenda por baixo dos quadrinhos.

Capa do #1 de "Le Jounal de Mickey"

 

A metade superior da primeira página era dedicada a “Symphonie Folâtre” (tradução para francês de “Silly Symphony”) e a metade inferior às aventuras de Mickey. Mais tarde também Donald surgiu nesta página. No interior havia aventuras de vários heróis non-Disney (The Katzenjammer Kids , Pete the Tramp, etc.).

Teve um sucesso imediato atingindo rapidamente as 400.000 cópias em circulação.

Esta série que, por comodidade, é atualmente conhecida por “Le Journal de Mickey avant-guerre”, teve 477 números.

Em junho de 1940 a entrada das forças alemãs em Paris coloca temporariamente fim ao “Le Journal de Mickey”. O número 296 é o último saído da redação parisiense, em 16 de junho.

A desorganização reinante naqueles dias e o êxodo dos parisienses fizeram com que apenas alguns assinantes recebessem os seus exemplares. Foi assim que o número 296 se tornou um dos mais requisitados pelos colecionadores.

Paul e a sua família emigraram para os EUA e, enquanto viveu em Nova Iorque, fundou uma outra agência: Press Alliance.

A equipa do “Le Journal de Mickey” abandonou Paris e se juntou na zona livre, em Marselha. Em 22 de setembro de 1940 o jornal voltou a ser editado mas associado com “Hop-là!”, uma outra publicação. Esta fase, dadas as faltas de papel e de tinta, aconteceu de um jeito um tanto caótico. A qualidade do papel degradou-se, o jornal passou a ter um aspecto mais austero, com quadrinhos monocromáticos, um formato mais pequeno e o seu número de páginas e as suas aparições deixaram de ser regulares. Pelo final de 1941 ficou reduzido a 4 páginas, de apenas metade do tamanho original, passando a sua periodicidade a quinzenal. A circulação terá caído em cerca de 86%.

A chegada dos quadrinhos americanos a França já era difícil, mas se tornou impossível após a entrada dos EUA na guerra e na sequência da imposição de censura à imprensa pelo regime de Vichy. A partir do número 389, publicado em 5 de julho de 1942, o próprio Mickey teve que desaparecer do jornal que apresentava o seu nome. Não era permitido publicar quadrinhos americanos e até os balões com os textos foram substituídos, numa regressão para o uso de legendas ao fundo dos desenhos.

Esta é a razão pela qual a informação do I.N.D.U.C.K.S. relativa a “Le Journal de Mickey avant-guerre” termina em 1942, no número 388: nos números 389 a 477 não se verificou a publicação de quaisquer quadrinhos Disney!

 

"Le Jounal de Mickey" desapareceu com o número 477, em 2 de julho de 1944.

Os personagens Disney e os cartões de racionamento...

 

Era a época dos cartões de racionamento, da pobreza consequência da guerra e do esforço de reconstrução. Não foram deixadas grandes possibilidades de sobrevivência à imprensa infanto-juvenil.

Nota: O editor Jean Dupuis criou uma nova revista, na Bélgica, destinada ao mercado juvenil, para competir com “Le Journal de Mickey” que era editado em França desde 1934. “Le Journal de Spirou”, assim se chamava, iniciou a publicação em 21 de abril de 1938 e ainda hoje existe.

 

Entre 1938 e 1939 o jornal diário “Ce Soir” publicou tiras do Pato Donald. A partir de 1945 também o diário “Le Parisien Libéré” passou a publicar tiras com diversos personagens Disney.

 

 

Uma das publicações entretanto produzidas foi “Hardi, Présente Donald”, segundo um modelo semelhante ao que tinha sido usado com “Le Journal de Mickey”. De tal forma assim foi que até a podemos considerar como tendo assegurado a transição entre as duas versões daquele.

Foram editados 313 números, com periodicidade semanal, entre 23 de março de 1947 e 22 de março de 1953. Tinha 8 páginas, metade a cores, num formato 270x410mm, ao preço de 6 francos. Para além das aventuras com personagens Disney também publicou séries non-Disney.

Capa do #2 de "HARDI présente Donald"

Foi neste jornal que a Margarida se estreou em França. No número 6, em 27 de abril de 1947, dando um conselho (mau!) a Donald.

Os conteúdos destes jornais foram posteriormente reeditados em 3 séries diferentes: 6 álbuns agrupados por anos, 12 álbuns agrupados por semestres e 5 álbuns com agrupamento sem ordem definida (ou “anárquica”).

  

Capas de álbuns do 1.º e 2.º ano

Na contracapa dos álbuns figurava um desenho original, no qual Donald contracenava com os Sobrinhos do Capitão (The Katzenjammer Kids), ao que parece para publicitar o próprio jornal.

 

Donald e os Sobrinhos do Capitão

Les Belles Histoires de Walt Disney” foi outra das publicações cujo início aconteceu nesta época, com periodicidade trimestral, entre maio de 1948 e março de 1962. Teve duas séries (61 números na primeira e 98 na segunda).

(1948-1954)

(1954-1962)

Paul Winkler retornou a França depois da guerra. Em 1947 associou-se à editora Hachete e juntos criaram um outro grupo editorial chamado Édi-Monde.

Em 1948 Armand Bigle (representante na Europa da Walt Disney Company) propôs a Paul Winkler realizar uma nova edição de “Le Journal de Mickey”. Resolvidas diversas questões legais foi lançado em abril de 1952 um número 0, como suplemento do semanário “Hardi, Présente Donald”. Não trazia nenhuma história em quadrinhos. Tratava-se apenas de um encarte publicitário apresentando o conteúdo da revista.

"Le Journal de Mickey" (capa #0)

publicidade

Cartazes de 1952 a anunciar o retorno da publicação

A segunda série iniciou a publicação em 1 de junho de 1952 (um domingo tal como a primeira série), apesar de a revista ter sido colocada à venda no dia 29 de maio de 1952 (outra vez uma quinta-feira!). A numeração voltou a ser iniciada a partir do número 1.

Nota: “Tintin” iniciou a sua publicação em 26 de setembro de 1946, na Bélgica e em 28 de outubro de 1948, na França. Todas as publicações de revistas “Tintin” cessaram em 1993. A necessidade de editar uma revista Disney de grande tiragem nessa época pode até ter sido uma reação ao sucesso que então experimentava aquela publicação.

O formato era um pouco mais pequeno que o anterior, 235x305mm, e tinha o preço de 20 francos. Contava com 16 páginas, metade das quais a cores e as outras com um tom alaranjado.

 

Capa do #1 (2.ª série)

O interior da revista apresentava um formato completamente diverso do que era hábito no jornal seu antecessor.

A revista abandonou as histórias “de continuação”, para dar lugar a aventuras completas.

As histórias publicadas no “Le Journal de Mickey” eram na sua maioria, no passado tal como hoje, criações dos estúdios Disney (EUA, Itália, França, Dinamarca e mais recentemente Espanha).

Uma das mais célebres é a série “Mickey à travers les siècles” de Pierre Nicolas, de concepção totalmente francesa. Tanto quanto se sabe não existe até ao momento nenhuma edição integral das mais de 170 aventuras.

 

Em 1954 tornou-se o semanário com melhores vendas entre as publicações para jovens.

As vendas situaram-se entre os 650.000 e os 700.00 exemplares semanais (633.000 em 1957). Nas décadas seguintes baixaram até aos 150.000 da actualidade mas, ainda assim, continua a ser líder no segmento dos 8 aos 13 anos de idade.

Nota: em 1959 um desenhador franco-italiano, que trabalhava na revista “Le Journal de Mickey”, recebeu o encargo de desenvolver uma obra em quadrinhos que exaltasse o espírito nacional francês, algo abalado desde a guerra. O seu nome? Albert Uderzo.

Pode-se afirmar com segurança que raras são as revistas para jovens que tenham sido sistematicamente adquiridas por três ou quatro gerações e também são raros os personagens como Mickey e Donald em que as suas aventuras tenham sido lidas pelos jovens dos anos 2000 com o mesmo prazer com que as leram os jovens de três décadas antes.

Há quem afirme, apesar de ser um argumento discutível, que a longevidade do “Le Journal de Mickey” se deve ao facto de, contrariamente a outras revistas para jovens, não ter tentado envelhecer ao mesmo tempo que os seus leitores.

     

       

Os diversos logotipos de “Le Journal de Mickey” desde 1934 até aos nossos dias

Nesta nova série foram editados vários fac-similes da mítica edição de 21 de outubro de 1934. Com o número 2000 (em 19 de outubro de 1990), com o número 2209 (em 19 de outubro de 1994, na comemoração dos 60 anos) e com o número 2500 (em 17 de maio de 2000, na comemoração dos 48 anos do reinício da publicação).

#2000

#2209 (60 anos)

#2500

 

Datas dignas de nota:

8 de janeiro de 1967, n.º 763 – prestada homenagem ao “amigo público n.º 1”: Walt Disney. O criador de Mickey falecera havia três semanas.

7 de março de 1971, n.º 977 – pela primeira vez impresso totalmente em cores.

8 de dezembro de 2004, n.º 2738 – oferta de óculos 3D. Todas as fotos e uma história de Mickey em 3 dimensões.

14 de setembro de 2009 – lançado o site oficial de “Le Journal de Mickey”

16 de dezembro de 2009, n.º 3000 – oferta de várias surpresas e de um poster com fotos de cerca de 3.000 leitores.

 

Tal como já tinha acontecido com a primeira série as diversas edições de “Le Journal de Mickey” foram sendo agrupadas em álbuns que foram publicados desde 1953 até à actualidade. Inicialmente eram constituídos por 26 números mas ao longo do tempo, perante o aumento da quantidade de páginas dos fascículos, esse número foi sendo reduzido.

 

Desde 1956 até 1986, com saída no 4.º trimestre de cada ano e referidas ao ano seguinte, foram publicadas 31 edições especiais com o título “Almanach du Journal de Mickey”.

O formato foi sempre semelhante até 1983, sofrendo alterações nas três últimas edições. A esmagadora maioria das histórias publicadas eram reedições. O leitor encontrava nas primeiras páginas um calendário e uma ficha memorando para personalizar o Almanaque. Existiam ainda muitas rubricas, jogos, instruções para desenhar personagens Disney, conselhos variados, notícias do mundo, contos, etc. Estas eram as características que tornavam estes álbuns originais. Pode-se no entanto dizer que o nome “Almanaque” só fez sentido nos primeiros anos, quando para cada mês havia uma ficha detalhada, onde podiam ser tomadas notas.

 

Desde os anos 1950 e pelo menos até 1980 os personagens Disney foram aparecendo nas mais diversas publicações, incluindo alguns dos maiores diários de França. “La Voix du Nord”, “Le Franc Tireur”, “Le Courrier de Saône et Loire”, “Le Méridional - La France”, “La République du centre”, “France-Soir”, “Ouest France”, “Paris-Match”, “Le Figaro”, etc.

Pelo menos de 1958 até 1968 também a revista feminina “ELLE” publicou, de forma esporádica, algumas histórias, à razão de uma por edição. Esta era uma das publicações da editora Hachette.

A capa de "Paris Match", na sua edição de 24 de dezembro de 1966, foi desenhada por Pierre Nicholas e dedicada a...

 

Em 3 de abril de 1966 foi iniciada a publicação da revista “Mickey Parade”. Começou por ser um número especial do “Le Journal de Mickey” com o sub-título “Mickey-Parade”. Tinha 258 páginas, alternando entre cores e monocromático, com o formato 125x288mm. Mais tarde as dimensões passaram a 120x190mm e ainda mais tarde para 150x210mm.

Recebeu o número 723bis porque foi editado com data idêntica ao 723 do “Le Journal de Mickey”.

"Mickey Parade" #723bis

Os números especiais seguintes tiveram sub-títulos “Donald-Parade” (número 735bis de 26 de junho de 1966) e “Picsou-Parade” (número 756bis de 20 novembro 1966).

A partir do quarto, o número 772bis de 12 de março de 1967, o sub-título “Mickey-Parade” passou a estar presente em todas as edições. Também a partir desta edição passou a constar na capa o título da principal história publicada.

#735bis

#756bis

#772bis

 

A periodicidade da publicação foi irregular, situando-se algures entre o trimestral e o bimestral. A primeira série teve 66 edições, recebendo a última o número 1433bis, em 1979. Todas as revistas exibiam o “bis” a seguir ao número.

 

Estas revistas eram uma cópia do formato italiano usado em “I Classici di Walt Disney”. Em alguns casos as capas e os conteúdos foram idênticos e a grande maioria das histórias publicadas eram italianas (publicadas em “Topolino” e de autores como Luciano Bottaro, Romano Scarpa, Giovan Battista Carpi, entre outros).

Capa de revista italiana

A partir de 1976, para festejar os dez anos da edição de “Mickey Parade”, a editora Edi-Monde começou a reeditar alguns números. Estas reedições continuaram até 1979. Para evitar a confusão com os originais foram incluídas na capa as palavras “nouveau tirage”.

Reeedição com indicação Nouveau Tirage

Na verdade todos os números foram reeditados exceto o 847bis, do terceiro trimestre de 1968, cujo título era “Oncle Picsou Olympique”. Esta foi uma edição em que 100 páginas eram dedicadas a comemorar os XVI Jogos Olímpicos, de 1968 no México, restando 143 páginas para quadrinhos. Nestas havia uma história especialmente escrita sobre o tema dos Jogos Olímpicos. Como se tratava de uma edição demasiado datada no tempo não fazia sentido a sua reedição. Assim, de forma paradoxal, esta revista que é a que tem menos páginas com quadrinhos, se tornou das mais raras (e caras!) da coleção.

Mickey Parade #847bis

Como consequência do sucesso que representou a venda das reedições, em janeiro de 1980 “Mickey Parade” passou a ser uma revista mensal, o número de páginas passou a 290 e se tornou completamente independente, ganhando até uma numeração própria que se iniciou no número 1.

Mickey Parade #1 (nova série)

A referência a “Le Journal de Mickey” desapareceu e as revistas assumiram o logotipo de “Mickey Parade”. Vários números desta nova revista foram reedições de um ou mais números da série anterior. Nalguns casos até a capa foi recuperada.

#11 (nova série)

#925bis

Em julho de 1982, com o número 31, “Mickey Parade” distribuiu pela primeira vez uma oferta, processo que repetiria outras vezes.

Em janeiro de 1985, na edição 61, o número de páginas foi reduzido para 226.

 

 

A partir do número 85, publicado em janeiro de 1987, as lombadas do “Mickey Parade” começaram a apresentar pequenas partes de um desenho que se completava a cada 12 números, que correspondiam às publicações de um ano completo.

 

Em junho de 1987, com o número 90, o preço aumentou 2 francos (passou para 12) mas as revistas passaram a ser totalmente impressas em cores. 

 

Mudança de logotipo em novembro de 1989, no número 119. A ideia parece ter sido lembrar a ligação com o “Le Journal de Mickey”, usando uma imagem semelhante à que aquela revista utilizava nessa época. 

 

Nova mudança de imagem com o número 140, de agosto de 1991. O formato passou a ser 140x208mm, com 196 páginas.

 

O ano de 1996 foi dedicado à comemoração do trigésimo aniversário de “Mickey Parade”. Foram publicados 12 números com a reedição de histórias lendárias. Cada número foi dedicado a um herói em particular.

 

O número 217, de dezembro de 1997, trouxe uma nova mudança de imagem até das figuras apresentadas na lombada.

  

Entre 1999 e 2001 várias mudanças de aspecto aconteceram.

 

 

Em 2001 sofreu mais uma mudança de formato, passou para 146x206mm e o número de páginas foi novamente reduzido, desta vez para 164.

Antes de terminar as referências a “Mickey Parade” regressemos ao mês de junho de 1979. Nesta data foi lançada a revista “Spécial Journal de Mickey Géant”. Recebeu o número 1408bis e apresentava várias histórias dos anos 50 e 60, de Barks, Strobl, Murry, Taliaferro e Karp entre outros. Na verdade o editorial já anunciava que o espírito da publicação era reeditar as histórias de quadrinhos antigas pois as que tinham mais de 25 anos apenas seriam conhecidas dos pais dos actuais leitores. As histórias desta revista já tinham sido todas publicadas em “Le Journal de Mickey”. Foi editado principalmente em períodos coincidentes com as férias escolares (Páscoa, Verão e Natal).

     

“Spécial Journal de Mickey Géant”: publicidade e capa do #1

Foram publicados 16 números, ao longo dos quais manteve sempre a mesma imagem. O último saíu em julho de 1986 e teve o número 1779bis.

Há quem diga que este terá sido um dos antepassados de uma outra revista que surgiu em 2002: “Mickey Parade Géant”.

Efetivamente em janeiro de 2002 o “Mickey Parade”, no número 265, passou a denominar-se “Mickey Parade Géant”.

Apresentava 308 páginas, num formato de 146x225mm. Inicialmente mensal passou, dois meses depois, a bimestral. A numeração utilizada continuou a sequência existente mas a lombada deixou de formar as imagens que caracterizavam o seu antecessor.

Manteve o mesmo formato até ao fim de 2006, quando se festejaram os 40 anos do “Mickey Parade”.

Esta revista, de dezembro e com o número 295, tinha 340 páginas. A maior de todas!

A primeira história publicada em “Mickey Parade” foi aqui reeditada. Para além das histórias de quadrinhos foram publicadas nesta edição entrevistas de Giorgio Cavazzano e de Flemming Andersen e vários desenhos de homenagem, ofertados por vários desenhadores.

Não podia faltar uma história envolvendo Michel Souris (Mickey Mouse, em francês), personagem criado pelo autor Didier Le Bornec. Michel era um rato que pensava ser sósia de Mickey, colecionava os seus quadrinhos, mas queria liquidar o seu ídolo para ocupar o seu lugar. Desde 2009 que não aparece em nenhuma publicação.

 

Em outubro de 2007 foi publicado o número 300, onde se festejou a ocasião com uma história, imagine-se, de 99 páginas: “Qui a volé le MPG 300? : Tous ensemble et dans la joie”, onde se misturavam os universos dos patos e dos ratos. Na verdade tratou-se da adaptação francesa de história “Chi ha rubato Topolino 2000?”, de Carlo Panaro e Romano Scarpa, editada em março de 1994 e com a qual se havia celebrado o número 2000 de “Topolino”.

 

Os cinco episódios originais foram reunidos num só e publicados pela primeira vez fora de Itália.

 

 

Já vai longa esta referência a “Mickey Parade”. Passemos adiante, prestemos atenção a outras revistas do Universo Disney.

Em março de 1972 foi lançada “Picsou Magazine”, com periodicidade mensal (todas as primeiras terças) e composta por 116 páginas, das quais metade em cores.

Ao longo da sua vida foram diversos os brindes oferecidos por esta revista, posters, transfers, puzzles, autocolantes, etc.

Capa de "Picsou Magazine" #1

 

Face ao sucesso de “Picsou Magazine” Édi-Monde editou “Super Picsou Géant”. O primeiro número foi o 65bis, em julho de 1977.

Capa de "Super Picsou Géant" #65bis

Foram publicados 22 revistas nesta série, cuja numeração apresentava o sufixo “bis”, com periodicidade um tanto ou quanto aletória. Terminou no número 132bis, de fevereiro de 1983 (Nota: a data desta edição está errada no I.N.D.U.C.K.S.), e manteve a menção “supplément à Picsou Magazine”. Em de maio de 1983 a numeração recomeçou a partir do número 1, iniciando-se assim a segunda série, com periodicidade trimestral. Apresentava 196 páginas com as dimensões de 175x255mm.

 

Em agosto de 1987, no número 186, “Picsou Magazine” passou a ter apenas 100 páginas, mas em contrapartida passou a ser todo impresso em cores.

Capa de "Picsou Magazine" #186

“Super Picsou Géant” a partir de fevereiro de 1999 passou a ter as dimensões de 190x275mm.

A publicação destas revistas, “Picsou Magazine” e “Super Picsou Géant”, continua a fazer-se nos nossos dias.

No universo Disney há ainda mais algumas publicações que merecem uma referência.

“Mickey à travers les siècles” foi uma série de quinze álbuns (e mais algumas reedições de alguns deles). Através destes álbuns foram recuperadas várias das aventuras de Mickey publicadas em “Le Journal de Mickey” entre o número 15 e o número 1362. Com estas aventuras é possível descobrir alguns episódios da História Mundial e outros da História de França na companhia de próprio Mickey. Apresentava 40 páginas, iniciou a publicação em 1970 e apareceu pela última vez em janeiro de 1993. A maior parte das aventuras tinham desenhos de Pierre Nicolas e cenários de Pierre Fallot.

"Mickey à travers les siècles"

Em maio de 1974 começou a ser publicada a revista mensal “Mickey Poche”. Terminou em

julho de 1988 no número 169. O formato era de 120x110mm com 192 páginas, que foi alterado no número 131, de fevereiro de 1985, para 140x110mm e 160 páginas impressas a negro.

Capa de "Mickey Poche" #1

 

"Castor Junior" foi lançada em março de 1978 com periodicidade mensal. A partir do número 5 se tornou “Castor Juniors”. Foi um manancial de reportagens profusamente ilustradas e de histórias de quadrinhos de qualidade. Desapareceu com o número 37, de março de 1981.

Página de publicidade a "Castor Junior"

 

Há ainda a referir a série Donald Magazine que foi publicada entre abril de 1982 e, pelo menos, 1990. O seu interesse é muito limitado, uma vez que se trata de uma repetição de “Le Journal de Mickey”, apenas diferindo nas capas. A numeração era iniciada com cada ano civil.

Capa de "Donald Magazine" #1

 

Entre dezembro de 1993 e dezembro de 1995 foram publicados sete números de “Mickey Aventure” e entre junho de 1993 e fevereiro de 1996 foram publicadas nove revistas sob o título “Mickey Mystère” em ambos os casos com 128 páginas e no formato 140x210mm em cores. Eram suplementos de “Le Journal de Mickey”.

  

Capa de "Picsou Magazine" #1

 

Em julho de 1994 iniciou a publicação “Minnie” que viria a terminar depois de 91 edições, em janeiro de 2003. Teve as dimensões de 150x208mm e 128 páginas em cores. Tornou-se “W.i.t.c.h.” no número 92.

Capa de "Minnie Mag." #1

 

Uma nota acerca das editoras: em março de 1988 a Édi-Monde se tornou Édimonde-Loisirs.

A partir de janeiro de 1991 os quadrinhos Disney passaram a ser publicados pela Disney Hachette Presse, empresa cujo capital é detido em 51% pela Disney e 49% pela Hachette.

As revistas publicadas pela Disney Hachette Presse são distribuídas também na Suíça, Luxemburgo, Bélgica, Canadá, Espanha e nos territórios ultramarinos de administração francesa.

 

Relativamente a números referentes a tiragens e vendas sabe-se que no ano de 1994 a Disney Hachette Presse vendeu em França, considerando todos os títulos, mais de 18 milhões de cópias. Se contarmos com a exportação terão sido mais de 20 milhões de cópias. Estes números são confirmados pelo OJD (Office de Justification de la Diffusion), organismo oficial que controla os números de tiragens e vendas em França. “Le Journal de Mickey” vendeu 206.000 exemplares por semana e “Picsou Magazine” 237.000 por mês.

 

Analisando os dados de 2008 verifica-se que, apesar de a Disney Hachette Presse manter a posição de líder no segmento infantil e de quadrinhos, todos os títulos sofreram uma baixa sensível nas vendas. 7,6% no total das publicações o que indicia uma crise na indústria associada aos quadrinhos em França. “Super Picsou Géant”, a revista mais vendida, sofreu uma queda 3,8% em relação a 2007, pois vendeu 197.920. A segunda posição foi ocupada por “Le Journal de Mickey” com 146.789 (menos 8,5%), seguido de “Mickey Parade Géant” com 139.422 (menos 1,8%). Em quinto lugar (no quarto lugar estava uma revista de outra editora) ficou “Picsou Magazine” com 134.205 (menos8,0%).

Os quatro principais títulos têm sofrido uma queda acentuada nos últimos anos. Fazendo uma análise entre 2001 e 2008 verifica-se o seguinte: 

Título

Vendas 2001

Vendas 2008

Variação

Super Picsou Géant 

236.232

197.920

-16,2%

Picsou Magazine

175.733

134.205

-23,6%

Le Journal de Mickey  

175.427

 146.789

-16,3%

Mickey Parade Géant (1) 

165.909

139.422

-16,0%

(1) Só iniciou a publicação em 2002

 

O futuro: Está anunciado para outubro de 2010, pela editora Éditions Glénat e pela Walt Disney Company, o regresso de Donald e Mickey às livrarias, através da publicação das obras completas de alguns grandes mestres Disney (Carl Barks, Don Rosa, Floyd Gottfredson, Giorgio Cavazzano e Romano Scarpa) bem como a edição de algumas novas aventuras. Está previsto um programa de publicação ambicioso de mais de um milhão de exemplares entre 2011 e 2012. Há mais de quinze anos que não havia histórias destes personagens publicadas em álbum.

 

 

 

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 Pesquisa: Mário Leitão

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